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...onde os filósofos Felipe, Rafael e Ygor refletem sobre o mundo...
 

sábado, setembro 11, 2004


[1:24 AM]

Com a licença de Bandeira e Galvão

Fico irritado ao ver que as novelas e as séries enlatadas norte-americanas terminam com “eu te amo”.

Deveriam terminar como na vida real, onde o grande amor da sua vida te trai com seu melhor amigo, onde você perde o emprego porque o chefe simplesmente não vai com a sua cara, onde as pessoas não gostam de você sem razão aparente ou apenas quando a vida lhe dá uma rasteira quando o que você mais precisava era de alguém pra dizer “eu te amo”.

Estou farto de romantismo da ficção. Queria mesmo o romantismo dos loucos, dos bêbedos, dos clowns de Shakespeare. Queria mesmo é trabalhar numa dessas empresas de cartões onde eu poderia escrever declarações de amor e terminar meus textos com “eu te amo”...


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Postado por Ygor

 

sábado, setembro 04, 2004


[11:52 PM]

Retrato de uma Brasileira

Eu estava em um momento ruim, sem mídia, apenas fazendo shows pelos presídios afora, como de costume, mas não tinha uma coisa básica que infelizmente não consegui nesses anos de carreira, minha casa. Já estou com 50 anos e não sou nenhuma garotinha, talvez essa fosse minha última chance de ganhar um bom dinheiro antes que tudo caísse de vez, inclusive a bunda, que sempre foi meu maior sustento. Então fui eu, já com a proposta aceita para participar do filme. Tive medo. Iria transar com homens muito bem dotados! Justo eu, que não transava há sete anos. Mas estava focada nesse propósito, tentando não ter muitos preconceitos e ter muita coragem. Pedi aos produtores que, ao notarem que eu não estava agüentando toda aquela situação me gritassem: Olha a Caixa Econômica! Isso faria lembrar das minhas obrigações e do por que de eu estar ali. E eles tiveram que fazê-lo algumas vezes. Foi muito difícil, me doeu muito. Não tem como sentir prazer. Vem o tempo todo um diretor e diz: Corta! Vem pra cá, ilumine aqui, tira o cabelo da cara! Nem se quisesse sentiria algo. É um negócio cruel. Só entende o que eu passei quem viveu a minha vida. Após ter feito o filme, durante uma semana eu chorava praticamente todos os dias. Não conseguia me olhar no espelho. Tomava banhos freqüentemente, como se isso fosse me limpar de algo sujo que eu teria feito. A única pessoa que consultei antes de todo o processo foi meu filho, que não fez objeções. Ele sempre me apoiou em tudo o que fiz, pois sempre lhe dei força e o eduquei da melhor forma possível! Vida cruel essa minha. Casei-me com 15 anos e meu marido, na lua-de-mel, praticamente me estuprou. Tive relacionamentos mil, mas nenhum bem sucedido. Estou sozinha, mas não me arrependo de nada que fiz. Tenho minha dignidade! Nunca roubei nem nunca matei. Sou uma mulher de caráter. Sou Rita de Cássia. Sou Rita Cadillac.

As palavras não são exatamente essas, mas as idéias sim. Vi Rita Cadillac dando entrevistas no Boa Noite Brasil, do Gilberto Barros, Superpop, da Luciana Gimenez e no Programa do Ratinho e esse é um resumo do que eu me senti na obrigação de colocar aqui.


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Postado por Ygor

 

quinta-feira, setembro 02, 2004


[6:49 PM]

Pesadelo

Éramos eu e o espelho. Não tenho certeza de como percebi. Talvez tenha sido com a ponta da língua, senti um relevo ou uma depressão. Ou talvez eu não tenha sentido nada, talvez eu já soubesse, talvez eu soubesse desde sempre. Olho pro espelho, abro a boca e tento saber o que é aquilo que eu senti (ou sempre soube): uma mensagem. Não lembro em que idioma ela estava. Quem sabe em Português, ou em alguma linguagem arcana e ancestral. Eu não lembro. Eu, o espelho, as gengivas e a mensagem. De repente começo a sentir outra mensagem, e mais outra. Mensagens escritas em não-sei-qual-idioma aparecendo escritas em minhas gengivas. Elas começam a aparecer nos recônditos mais escondidos de minhas gengivas, uso meus dedos desesperadamente tentando abrir ainda mais minha boca, meus lábios. Eu quero ler aquilo. Eu preciso ler aquilo. Os textos ficam cada vez mais agressivos, passam a me ofender, me xingar, me ameaçar. Eu não sei que idioma, mas consigo entender. Quanto mais agressivas as mensagens, pior é o estado de minhas gengivas. Ficam amarelas, focos de pus, e as mensagens, as mensagens não param de aparecer. Então, somem. E minhas gengivas voltam ao normal. Fecho minha boca e continuo a me olhar no espelho. Eu, o espelho e o desespero. Ardor. Minha boca queima, arde, dói. É a última, a derradeira mensagem. Com medo, abro a boca e leio: www.*****.com. Eu não lembro o meio da url. Às vezes eu acho que gostaria de lembrar, verificar se existe o tal site, talvez dar uma risada o vendo. Mas na maior parte do tempo, não. É melhor deixar pra lá. É mais seguro deixar pra lá.


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Postado por Felipe Galvão

 

 


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